terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Filme: The D.U.F.F

É um filme americano de comédia adolescente de 2015 dirigido por Ari Sandel e escrito por Josh A. Cagan, baseado no romance de mesmo nome por Kody Keplinger.



*Crítica de Bruno Carmelo no Adoro Cinema:


O imaginário do sistema de ensino norte-americano está marcado por uma estrutura rígida e perversa de panelinhas, grupos e hierarquias de jovens. Centenas de comédias e dramas americanos apresentam os grupos dos atletas, das garotas belas e populares, dos nerds, dos góticos... D.U.F.F.começa dizendo que esta estrutura sofreu alterações, já que “patricinhas tomam antidepressivos e nerds governam o país”. Neste contexto de mistura de grupos - sem a implosão dos mesmos -, nasce uma nova casta: o D.U.F.F., ou “amigo designado gordo e feio”, de acordo com a sigla em inglês. Ele ajuda os amigo(a)s mais bonito(a)s a encontrar namorado(a)s, e valoriza a beleza alheia pela exposição de sua feiura.

D.U.F.F. - FotoEste filme tenta fazer com o DUFF o que as comédias dos anos 1980 e 1990 fizeram com os nerds: valorizá-los, colocá-los como protagonistas, com oportunidade de inserção social e autoaceitação. A protagonista da trama é Bianca (Mae Whitman), a clássica DUFF. Quando descobre que faz parte deste grupo, decide mudar e se tornar “aquela que os garotos querem namorar”. A sequência poderia enveredar pelo machismo típico de filmes como Ela é Demais, sugerindo que o caminho para a felicidade feminina passa pela maquiagem, salto alto e poder de sedução. Essa história, felizmente, toma rumos mais ambíguos, tentando fazer com que Bianca melhore seu lado introspectivo, ao mesmo tempo em que se torna uma DUFF orgulhosa de si mesma.

Assim, encontram-se nesse projeto pequenas subversões interessantes de sublinhar, como a humanização dos atletas, a valorização de uma estética alternativa aos padrões massivos da mídia, e a possibilidade de navegar entre rótulos distintos nas escolas. As hierarquias são evidenciadas e parodiadas, mas nunca subvertidas por completo: à medida que o roteiro se desenvolve, o espectador encontra todos os clichês esperados da comédia romântica. De certo modo, D.U.F.F. parodia os estereótipos para em seguida aderir aos mesmos códigos com um sorriso malicioso nos lábios.

Esse discurso poderia ser monótono ou moralista, mas o diretor Ari Sandel embala seu filme em imagens ágeis, picotadas e multicoloridas, como um longo videoclipe da MTV. Existem telas dentro de telas, tweets e mensagens escritas nas imagens, além de delírios cartunescos dos personagens. Todo o arsenal tecnológico está presente: cita-se à exaustão Facebook, Twitter, What’s App, Tinder e todas as outras redes sociais disponíveis aos jovens e aos adultos de hoje. Mais uma vez, critica-se a tecnologia sem romper com ela. O filme é egocêntrico, mas dotado de senso de auto-paródia. Seguindo as regras da pós-modernidade, ele prega que nada nem ninguém seja levado a sério. Tudo pode ser photoshopado, vazado, transformado em meme. Uma imagem vale mais que mil pessoas.

D.U.F.F. - FotoD.U.F.F. é ajudado pelas boas atuações do elenco. Mae Whitman faz uma garota deslocada, mas menos ingênua e insegura do que se esperaria da protagonista. Robbie Amell ultrapassa a simples imagem do homem musculoso, transmitindo indecisão e delicadeza nos momentos mais importantes. Até o hilário Ken Jeong, conhecido pelos exageros, compõe um personagem mais contido e realista. Allison Janney funciona como uma coadjuvante de luxo, ilustrando as neuroses e inseguranças que também atingem a fase adulta. Já Bella Thorne tem se especializado no papel da bela megera – algo que reproduz nesta trama com uma facilidade um pouco preguiçosa.

Por fim, D.U.F.F. constitui uma experiência um pouco acima da média no que diz respeito à representação do famoso cenário escolar americano, com seus armários metálicos, seus bailes de formatura e suas práticas diárias de (cyber bullying). O discurso é saudavelmente progressista, embora seja explicado de maneira óbvia e redundante pela narração. Sobram as boas intenções e uma interessante percepção de si próprio, mas falta ambição social e cinematográfica à crítica em meio-tom.

*ELENCO:

  • Mae Whitman como Bianca Piper
  • Robbie Amell omo Wesley "Wes" Rush
  • Bella Thorne como Madison Morgan
  • Bianca Santos como Casey Cordero
  • Skyler Samuels como Jessica "Jess" Harris
  • Romany Malco como principal Buchanan
  • Ken Jeong como o Sr. Arthur
  • Allison Janney como Dottie Piper
  • Chris Wylde como o Sr. Fillmore
  • Mahaley Manning como Kara
  • Nick Eversman como Toby Tucker
  • Seth Meriwether como AJ
  • Gabriela Fraile como Ashley
  • Danielle Lyn como Maya
  • David Gridley como Allen

*TRILHA SONORA:

A trilha sonora cinematográfica oficial do The Duff foi lançado digitalmente em 17 de fevereiro de 2015 pela Island Records.

Título     Artista(s)                               duração
1."Made in Gold"  Nova Rockefeller3:36
2."Jealous (The Rooftop Boys Remix)"  Nick Jonas4:13
3."How Come You Don't Want Me"  Tegan and Sara2:51
4."Favorite Record"  Fall Out Boy3:23
5."All Night"  Icona Pop3:07
6."Somebody to You"  The Vamps3:02
7."Nothing Left to Lose"  Kari Kimmel3:36
8."Heavy Mood"  Tilly and the Wall3:12
9."Sexy Silk"  Jessie J2:40
10."Kill the Band"  Junkie XL featuring Joost van Bellen4:59
11."I Own It"  Nacey featuring Angel Haze3:08
12."#Selfie"  The Chainsmokers3:04
Total de Comprimento:40:58


*13 CURIOSIDADES: 

Mais velha


Embora Mae Whitman interprete uma adolescente no fim da graduação, a atriz já tem 26 anos de idade, além de ser oito anos mais velha que a maioria dos veteranos.

Segmentos diferentes


Embora o livro, no qual o longa é baseado, e o filme compartilhem o mesmo nome, seus enredos são completamente diferentes.

Nove anos a mais


Embora interpretem colegas de classe no filme, Mae Whitman é nove anos mais velha que Bella Thorne na vida real.

Lista negra


O roteiro deste filme esteve na Blacklist em 2011; uma lista com os scripts "mais gostei" ainda não produzidos.

Mesmo mascote


O mascote do filme é o mesmo de A Mentira (2010) - o diabo azul.

Mais velho


Nick Eversman é o mais velho do elenco retratando um estudante secundária: ele é 12 anos mais velho do que Bella Thorne e três anos mais velho do que Mae Whitman e Robbie Amell.

Escrita para Bella


Bella Thorne fez o teste para o papel de Bianca, que foi para Mae Whitman. Os produtores gostaram tanto de sua audição que escreveram a personagem de Madison para ela. Madison não encontra-se no livro.

O Presidente


Tanto Mae Whitman quanto Robbie Amell contracenaram ao lado de Bill Pullman como O Presidente: Whitman em Independence Day (1996) e Amell em 1600 Penn (2012).

Presidentes dos EUA


O corpo docente da escola foi nomeados após os presidentes dos EUA (Sr. Arthur, diretor Buchanan, treinador Grant, etc.). Buchanan tem uma fotografia do presidente James Buchanan atrás de sua mesa.

Homem-Morcego


Na cena em que Bianca afirma: "quando o cara do Batman caiu no ácido e tornou-se o Coringa", ela está referindo-se a Batman de 1989.

D.U.F.F.


Duff significa 'Designated Ugly Fat Friend' (A Amiga Designada Gorda e Feia).

Bianca


No filme, há uma personagem chamada Bianca e, na vida real, a atriz que interpreta Casey chama-se Bianca [A. Santos].

Co-estrelas


Skyler Samuels e Ken Jeong também co-estrelam Deu a Louca nos Bichos (2010).

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